sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Você sabe...

O que meus lábios não podem dizer, eu escrevo. Eu escrevo porque ninguém pode me ouvir, ninguém ta nem aí pra nada. Nem você. Escrevo porque essa é a unica (e mais idiota) forma de me comunicar com você. Idiota porque você não vai ler, muito menos entender. Escrevo também porque essa é a minha distração. Na verdade, quem escreve aqui é a minha alma. Você sabe, eu sempre fui muito careta, alma, poesia, literatura… Careta pra você, pros outros, mas pra mim não e é isso que importa. Você sabe, eu sempre fui muito criticada, olhada como a estranha, que não se veste bem, que vive de cara feia, que é arrogante, mal humorada, reservada. Você sabe, eu nunca fui assim. É que o medo do mundo me tornou assim. Você sabe, eu sei ser tudo o que eu quiser, é como se fosse um dom, que eu não sei como usar. Você sabe, eu sei ser afável, amável, amigável, e como diz aquele livro que você sabe que eu amo, esse são só os “As”. Você sabe, nada disso era minha intenção. Você sabe, que esse negócio de você saber de tudo e não ligar pra isso já está me tirando do sério. Como eu disse, ninguém ta nem aí pra nada. Mas você e eu sabemos, que o mundo dá voltas e voltas, e quem sabe um dia nós nos encontremos por aí nesse mundão grande. Você e eu sabemos que tudo depende de nós. Mas se você for ficar, você é quem sabe e não eu. 

domingo, 23 de setembro de 2012

Velha Infância

Esse titulo pode parecer meio "forçado", mas é o titulo que com toda certeza, traz a melhor lembrança da minha infância. A música. Dias das mães. Eu e os meus outros coleguinhas de classe cantando. Eu lembro perfeitamente desse dia, de como o céu estava e do rosto da minha mãe com os seus olhos verdes quase azuis cheios de lagrimas.
 Eu devia ter uns 5 anos, não entendia nada da vida, mas com certeza -sem querer saber - já sabia o que era alma e amor. Toda vez que essa lembrança me vêm a mente, eu não me "vejo" lá cantando, com um coração vermelho (que tinha uma foto da minha mãe colado nele) grudado na minha blusa próximo a lado esquerdo do peito e com o uniforme da escolinha. Eu me vejo de uma maneira diferente, como se estive lá observando eu mesma cantar, eu vejo a ternura do rosto da minha mãe e é nessa hora, quando eu vejo a imagem da minha mãe, que eu percebo que o amor é inexplicável, que mãe é melhor coisa e a mais importante que temos em nossas vidas, percebo também, que o fim da infância é o mais doloroso, mas é - de todas as lembranças de uma vida toda - a melhor. 
Entre todas as lembranças que tenho, essa é sem duvida, a mais bonita. A mais simples. A mais complexa. Lembrar isso me faz ter mais e mais vontade de viver, de ficar ao lado da minha mãe. Me faz pensar que tudo tem um propósito -mesmo não acreditando no destino- e que viver vale a pena. Lembrar da minha velha infância me faz ter saudade dela, mas me deixa principalmente com saudades de quem eu era. Entre as lembranças mais belas que eu tenho, como as vistas do nascer do sol na praia, tardes infindáveis com meus primos e primas, pessoas importantes que passaram em minha vida, a polenta frita da minha vó, os momentos mais simples que já vivi, essa com certeza, não se compara a nenhuma outra. Mas eu acho que nada se compara a esse amor de mãe misturado com a nossa infância. Nenhum dicionario é capaz de descrever. 

"E a gente canta, e a gente dança e a gente não se cansa de ser criança. A gente brinca na nossa velha infância..."

Elisa Gabardo

Esse texto faz parte da blogagem coletiva promovida no Depois dos Quinze.



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O que você nunca vai saber...

Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum. Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.

Verônica H.